Pode começar a faltar remédios essenciais ao tratamento de pacientes com doenças graves e também anestésicos nos próximos dias. É que, no caso de medicamentos especiais e excepcionais, que são itens de alto custo, os hospitais costumam manter estoque muito baixo.
“A greve de caminhoneiros já está afetando a distribuição de medicamentos especiais e excepcionais. As transportadoras já não estão fazendo as coletas e aqueles que foram coletados ontem não têm previsão de entrega. A situação é muito crítica e pode comprometer a saúde de pessoas que dependem do medicamento”, afirma o gerente de logística da BioHosp, Rodrigo de Castro.
Segundo ele, a imprensa divulgou que os grevistas estariam liberando a passagem de veículos para entrega de itens essenciais, como alimentos perecíveis, cargas vivas e medicamentos, mas as transportadoras não confirmam essa notícia e decidiram não fazer mais coletas.
Cenário crítico
Rodrigo informa que, no caso da BioHosp, as entregas na capital e na região metropolitana de Minas Gerais, que usam veículos de pequeno porte, enfrentam dificuldades, mas ainda estão sendo realizadas. Mas quando envolvem caminhões e o uso de estradas estão totalmente comprometidas e não têm previsão de normalização. Noventa e cinco por cento das entregas da BioHosp são feitas por rodovias. Mas a greve também já afeta as entregas aéreas, já que começa a faltar combustíveis para aviões.
Por se tratar de produtos extremamente sensíveis, que requerem cuidados especiais e não podem ficar expostos ao calor, não é viável tentar fazer as entregas. “Pode ser que passe num bloqueio e em outros não. Seria um risco à integridade dos medicamentos. Além disso, são produtos de alto valor agregado e podem correr riscos de roubos, ficando parados pelas estradas”, explica.
Segundo Rodrigo, o setor já enfrentou outras greves e outras situações difíceis, mas nunca o cenário foi tão crítico. “Ninguém estava preparado para isso. Nós entendemos e apoiamos a causa. O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias. O custo logístico só tem aumentado. Mas, se a greve não acabar nos próximos dias, seria necessário que as lideranças do movimento liberassem de fato a entrega de medicamentos. A vida de pessoas está em jogo”, conclui o gerente de logística da BioHosp, afirmando que todo o setor deve estar enfrentando transtornos semelhantes em todo o país.
Editora Conteúdo/Abgail Cardoso